terça-feira, 26 de novembro de 2013

Vaticano apresenta primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco

Documento do Papa fala sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual
Evangelii gaudium – a alegria do Evangelho. A primeira Exortação Apostólica do pontificado de Papa Francisco foi apresentada em coletiva de imprensa, nesta terça-feira, 26, no Vaticano. O documento fala sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual.
“Com Jesus Cristo, renasce, sem cessar, a alegria. Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos, a fim de convidá-los para uma nova etapa evangelizadora, marcada por esta alegria, e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos”, escreve o Pontífice logo no início da Exortação.
Segundo o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, presente na coletiva, a Exortação pode ser resumida como um documento escrito à luz da alegria para redescobrir a fonte da evangelização no mundo contemporâneo.
“Papa Francisco infunde coragem e provoca um olhar adiante, apesar do momento de crise, fazendo, uma vez mais, da cruz e da Ressurreição de Cristo a ‘bandeira da vitória’”, disse Dom Rino.
Vaticano apresenta primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco
O arcebispo explicou ainda que, prolongando o ensinamento da Evangelii nuntiandi, do Papa Paulo VI, Francisco coloca, no centro, a pessoa de Jesus Cristo, primeiro evangelizador que, hoje, chama cada um a participar da Sua obra de salvação.
O novo documento do Papa traz, entre outros, a contribuição dos trabalhos do Sínodo realizado no Vaticano, no ano passado, com o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé”.
Com 288 parágrafos, a Exortação Apostólica está dividida em cinco capítulos: a transformação missionária da Igreja, na crise do compromisso comunitário, o anúncio do Evangelho, a dimensão social da evangelização e evangelizadores com espírito.
Um dos convites feitos pelo Papa, na Exortação, é para que todo cristão renove o seu encontro pessoal com Cristo ou, então, que se deixe encontrar por Ele, buscando-O sem cessar. “Quem arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada”.

sábado, 9 de novembro de 2013

Igreja, lugar do nosso encontro com o Senhor

Queremos assumir que vamos à igreja para nos encontrarmos com o Pai. E o encontro com Ele deve ser a coisa mais importante.
“O zelo por tua casa me consumirá” (Jo 2,17).
Hoje (09/11), celebramos a dedicação à Basílica de São João de Latrão. Em Roma existem quatro basílicas papais; a mais conhecida é a de São Pedro, mas temos a Basílica de Santa Maria, a maior; a Basílica de São Paulo fora dos muros e aquela que foi a primeira igreja construída em Roma, onde era a sede da Igreja. Esta, tida como a Catedral de Roma, é chamada de São João de Latrão, dedicada à glória de Deus, ao culto d’Ele; ao mesmo tempo, representa o governo da Igreja, sua sede edificada sobre Pedro.
Basílica de  São Pedro - Roma
Meus irmãos, celebrar um culto à Igreja é, antes de tudo, reconhecer o templo, o local da celebração como lugar da presença de Deus. Uma vez que nós celebramos a igreja mãe, que está em Roma, celebramos as igrejas que estão no mundo inteiro. Quando celebramos a Catedral de Roma, estamos celebrando aquela que é a mãe de todas as igrejas.
Nós podemos fazer a seguinte pergunta: para que serve um templo, uma basílica, uma catedral, uma igreja? Para o culto a Deus, para que neste lugar o nome d’Ele seja exaltado, louvado, glorificado, adorado acima de qualquer outra coisa. 
Nós nos enganamos quando vamos à igreja simplesmente para pedir favores a Deus ou para nos encontrarmos com as pessoas. A igreja é lugar do nosso encontro com o Senhor, onde Ele se faz presente de forma mais excelente e eficaz. A igreja é o lugar da morada do Senhor. Que respeito, que zelo devemos ter para com a casa do Pai! 
Infelizmente, meus irmãos, aquilo que os mercadores fizeram com o templo nós também fazemos com a casa de Deus. Sim, dentro de um templo há muita conversa, muita bagunça. Às vezes, não conseguimos sequer rezar, porque é conversa para lá e para cá, é um festival de vaidades, roupas, cabelos… Fazem da casa do Senhor uma passarela.
Santuário Nossa Senhora da Piedade - Lençóis Paulista/SP
Quando celebramos a Igreja, que é a mãe de todas as igrejas, nós queremos assumir aquilo que Jesus fez, ou seja, expulsar da casa de Deus aquilo que não é d’Ele e assumir todo zelo pela casa do Senhor. Assumir que vamos à igreja para nos encontrarmos com o Pai. E o encontro com Ele deve ser a coisa mais importante quando nos dirigimos a casa do Senhor.Deus abençoe você! 

Colaboração: Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

sábado, 27 de julho de 2013

Discurso do Papa Francisco durante a Via Sacra com os jovens


Viagem Apostólica ao Brasil
Via Sacra com os jovens
Praia de Copacabana
Sexta-feira, 26 de julho de 2013



Queridos jovens,

Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens [22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1(1984), 1105). A partir de então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?
1. Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz. Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).
2. E assim podemos responder à segunda pergunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida. O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.
3. Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres… Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria? Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja!

terça-feira, 23 de julho de 2013

"A juventude é a janela por onde entra o futuro". "Ninguém se sinta excluído do afeto do Papa"

Calorosa a cerimônia de boas-vindas. "A juventude é a janela por onde entra o futuro". "Ninguém se sinta excluído do afeto do Papa". Texto integral do seu discurso


Senhora Presidenta, Ilustres Autoridades, Irmãos e amigos!

Senhora Presidenta, Ilustres Autoridades, Irmãos e amigos!

Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade. 
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: “A paz de Cristo esteja com vocês!”
Saúdo com deferência a Senhora Presidenta e os ilustres membros do seu Governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em sua Pátria. Cumprimento também o Senhor Governador deste Estado, que amavelmente nos recebe na Sede do Governo, e o Senhor Prefeito do Rio de Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao Governo Brasileiro, as demais Autoridades presentes e todos quantos se prodigalizaram para tornar realidade esta minha visita.
Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas Igrejas Particulares. Esta minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d’Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
O motivo principal da minha presença no Brasil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações».
Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variegadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo “bota fé” nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: “Ide, fazei discípulos”. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens “botam fé” em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações.
Os pais usam dizer por aqui: “os filhos são a menina dos nossos olhos”. Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençôo. Obrigado pelo acolhimento!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

11 de julho é Dia de Oração pela Jornada Mundial da Juventude Rio 2013

POR: CNBB
Dom Eduardo Pinheiro, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB faz um convite a todos as pessoas, especialmente aos jovens, para um dia de oração pela JMJ Rio 2013. “Como uma grande família cristã, vamos juntos, neste dia 11 de julho, realizar uma bonita corrente de oração em vista da Jornada Mundial da Juventude que acontece, coincidentemente, num contexto brasileiro de manifestação de muitos sonhos juvenis de dignidade, de felicidade, de justiça, de solidariedade, de paz, de um mundo melhor”.
Confira a mensagem:
Campo Grande, 07 de julho de 2013.
Queridos irmãos e irmãs em Cristo.
“A fé não é refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida” 
(Papa Francisco, Encíclica “Lumen Fidei”)
Com a mesma fé no amor de Deus pela juventude, que nos guiou até aqui, queremos viver este momento ímpar de nossa vida com a JMJ Rio 2013. Ao acreditar que a Jornada é obra divina e, portanto, projeto do coração de Deus para todos nós, renovamos nosso agradecimento a Ele por tão precioso presente. Esta fé fez com que muitos sonhassem a Jornada em nosso meio e se empenhassem na sua construção para o benefício de todos. E é com esta mesma fé que, agora, tão próximos deste Encontro, nos voltamos intensa e coletivamente a Deus agradecendo-lhe por aquilo que já foi construído e vivido, bem como pedindo-lhe renovadas forças, bons resultados e abundantes frutos.
“Nas Jornadas Mundiais da Juventude, os jovens mostram a alegria da fé, o compromisso de viver uma fé sólida e generosa”, afirmou-nos o papa em sua recém publicada encíclica. Assim como ele, nós também acreditamos que este é um momento forte de exaltar e viver a verdadeira fé no Senhor que nos chama, nos transforma, nos capacita e nos envia; somente Nele encontramos o sentido, o gosto e a direção da vida. É um momento especial não só para os jovens, mas para toda a Igreja e para o Brasil que a recebe.
Como uma grande família cristã, vamos juntos, no dia 11 de julho, realizar uma bonita corrente de oração em vista da Jornada Mundial da Juventude que acontece, coincidentemente, num contexto brasileiro de manifestação de muitos sonhos juvenis de dignidade, de felicidade, de justiça, de solidariedade, de paz, de um mundo melhor. Há muita coisa no ar! Há muita sede de vida! Há muito discernimento a fazer, projetos a assumir, bens a desenvolver e males a combater. A oração verdadeira nos aproxima de Deus e dos Seus filhos, nossos irmãos. Rezar, portanto, sustenta nossa relação com Aquele que nos ama por primeiro e gratuitamente, desenvolvendo em nós o precioso dom do Amor que, por mandato divino, se abre para o bem do nosso povo.
Sejamos criativos e endossemos esta iniciativa do “Dia de Oração pela Jornada Mundial da Juventude Rio 2013”. Reconhecendo as grandes maravilhas operadas por Deus neste tempo de preparação, pedimos a Ele o sucesso no desenvolvimento de tudo aquilo que já foi carinhosamente preparado, a não realização do que for contrário a sua vontade, a nossa abertura de espírito a sua comunicação de amor, os bons frutos que farão parte da nova história de todos nós. A maternal presença de Maria seja mais intensamente percebida nestes dias e nos auxilie a retornarmos para nossas casas e comunidades com renovado entusiasmo cristão, ardor vocacional, compromisso missionário.

Deus nos abençoe a todos e todas neste tempo de Graça.
Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Bispo Auxiliar de Campo Grande (MS)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB

Conheça os bispos brasileiros que serão catequistas da JMJ Rio 2013


POR: CNBB / JMJ RIO2013
Mais de 250 bispos de diferentes nacionalidades vão fazer pregações que aprofundam o lema da Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013) nas três manhãs de catequese. Eles foram selecionados pelo Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), e serão alocados cada dia em um ponto de catequese diferente. De acordo com o diretor do Setor Preparação Pastoral, padre Leandro Lenin, esta alocação não será divulgada. “Nós queremos que esse contato entre o jovem e o bispo aconteça como uma surpresa nessas manhãs”.
As catequeses, que acontecem de quarta a sexta, têm três temas diferentes. No dia 24 de julho, o tema abordado será “sede de esperança, sede de Deus”. No dia 25, será “ser discípulo de Cristo”. Já no dia 26, os bispos vão meditar sobre “ser missionário, Ide!”.
No voucher de inscrição, cada peregrino será destinado a um local de catequese. Além de receber formação, ele vai pegar o kit café da manhã, para os que fizeram opção por alimentação. “Nas catequeses nós teremos um número de acesso restrito. Cada catequese foi pensada para um determinado grupo de peregrinos e então evitaremos, da maneira possível, a superlotação. Também nós queremos ter em conta que o número de kits de café da manhã disponíveis em cada uma das sedes também seja suficiente para os peregrinos que já estão destinados a cada um dos pontos”, explica padre Leandro.
As catequeses serão realizadas sempre pela manhã, entre 9h e 13h, e finalizam com a Missa presidida pelo bispo catequista. Durante a manhã, os peregrinos podem confessar-se e fazer perguntas ao bispo.
A seguir, a lista dos bispos brasileiros que vão ministrar as catequeses:
Dom Julio Endi Akamine - Bispo Auxiliar de São Paulo (SP)
Dom Gilson Andrade da Silva - Bispo Auxiliar de São Salvador da Bahia (BA)
Dom Wilson Luiz Angotti Filho - Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG)
Dom Fernando Arêas Rifan - Bispo da Adm. Apostólica São João Maria Vianney
Dom José Luis Azcona Hermoso - Bispo prelado do Marajó (PA)
Dom Esmeraldo Barreto de Farias - Arcebispo de Porto Velho (RO)
Dom Anuar Battisti - Arcebispo de Maringá (PR)
Dom Luciano Bergamin - Bispo de Nova Iguaçu (RJ)
Dom Jacinto Bergmann - Arcebispo de Pelotas (RS)
Dom Francesco Biasin - Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ)
Dom Egidio Bisol - Bispo de Afogados da Ingazeira (PE)
Dom Valério Breda - Bispo de Penedo (PE)
Dom Pedro Brito Guimarães - Arcebispo de Palmas (TO)
Dom José Eudes Campos do Nascimento - Bispo de Leopoldina (MG)
Dom Sergio Eduardo Castriani - Arcebispo de Manaus (AM)
Dom José Carlos Chacorowski - Bispo Auxiliar de São Luis do Maranhão (MA)
Dom Pedro José Conti - Bispo de Macapá (AP)
Dom Giovanni Crippa - Bispo Auxiliar de São Salvador da Bahia (BA)
Dom Sérgio da Rocha - Arcebispo de Brasília (DF)
Dom Mário Antônio da Silva - Bispo Auxiliar de Manaus (AM)
Dom Luiz Henrique da Silva Brito - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro (RJ)
Dom João Justino de Medeiros Silva - Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG)
Dom Francisco Del Valle Paredes - Bispo de Campo Mourão (PR)
Dom Milton Antônio dos Santos - Arcebispo de Cuiabá (MT)
Dom Luiz Gonzaga Fechio - Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG)
Dom Nelson Francilino Ferreira – Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro (RJ)
Dom Roberto Francisco Ferrería Paz - Bispo de Campos dos Goytacazes (RJ)
Dom José Luis Gomes de Vasconcelos - Bispo Auxiliar de Fortaleza (CE)
Dom Edney Gouvêa Mattoso - Bispo de Nova Friburgo (RJ)
Card. Cláudio Hummes - Arcebispo Emérito de São Paulo (SP)
Dom Wilson Tadeu Jonck - Arcebispo de Florianópolis (SC)
Dom Dimas Lara Barbosa - Arcebispo de Campo Grande (MS)
Dom Rafael Cifuentes - Bispo Emérito de Nova Friburgo (RJ)
Dom Joaquim Wladimir Dias - Bispo Auxiliar de Vitória (ES)
Dom Odelir José Magri - Bispo de Sobral (CE)
Dom José Luiz Majella Delgado - Bispo de Jataí (GO)
Card Geraldo Agnelo - Arcebispo Emérito de São Salvador da Bahia (BA)
Dom João Filho - Bispo de Umuarama (PR)
Dom Luiz Vilela - Arcebispo Metropolitano de Vitória (ES)
Dom Bernardino Marchió - Bispo de Caruaru (PE)
Dom Armando Gutierrez - Bispo de Bacabal (MA)
Dom Teodoro Tavares - Bispo Auxiliar de Belém do Pará (PA)
Dom Gil Antônio Moreira - Arcebispo de Juiz de Fora (MG)
Dom Tarcisio dos Santos - Bispo de Duque de Caxias (RJ)
Dom José Negri - Bispo de Blumenau (SC)
Dom Walmor Azevedo - Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte (MG)
Dom José Lessa - Arcebispo Metropolitano de Aracajú (SE)
Dom Vitório Pavanello - Arcebispo Emérito de Campo Grande (MS)
Dom João Carlos Petrini - Bispo de Camaçari (BA)
Dom Angelo Pignoli - Bispo de Quixadá (CE)
Dom Murilo Sebastião Krieger - Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA)
Dom José Francisco Dias - Arcebispo de Niterói (RJ)
Dom Eugène Lambert Adrian Rixen – Bispo de Goiás (GO)
Dom Hélio Adelar Rubert - Arcebispo de Santa Maria (RS)
Dom Alessandro Ruffinoni - Bispo de Caxias do Sul (RS)
Dom João Cardoso - Bispo de São Raimundo Nonato (PI)
Dom Genival de França - Bispo de Palmares (PE)
Dom Tarcisio Scaramussa - Bispo Auxiliar de São Paulo (SP)
Dom Irineu Roque Scherer - Bispo de Joinville (SC)
Card. Odilo Pedro Scherer - Arcebispo de São Paulo (SP)
Dom João Carlos Seneme - Bispo Auxiliar de Curitiba (PR)
Dom Rubens Sevilha - Bispo Auxiliar de Vitória (ES)
Dom Geremias Steinmetz - Bispo de Paranavai (PR)
Dom Pedro Luiz Stringhini - Bispo de Mogi das Cruzes (SP)
Dom Alberto Taveira - Arcebispo de Belém do Pará (PA)
Dom Carlo Verzeletti - Bispo de Castanhal (PA)
Dom Moacyr José Vitti - Arcebispo de Curitiba (PR)
Dom Guido Zendron - Bispo de Paulo Afonso (BA)
Dom Antônio Carlos Altieri – Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Dom Benedito Araújo - Bispo de Guajará-Mirim (RO)
Dom Bernardo Johannes Bahlmann - Bispo de Óbidos (PE)
Dom João Bosco de Souza - Bispo de União da Vitória (PR)
Dom Vilson Basso - Bispo de Caxias do Maranhão (MA)
Dom Sérgio de Deus Borges - Bispo Auxiliar de São Paulo (SP)
Dom Jeremias Antônio de Jesus - Bispo de Guanhães (MG)
Dom Zanoni Castro - Bispo de São Mateus (ES)
Dom Airton José dos Santos - Arcebispo de Campinas (SP)
Dom Manoel João Francisco - Bispo de Chapecó (SC)
Dom Miguel Ângelo Ribeiro - Bispo de Oliveira (MG)
Dom Flávio Giovenale - Bispo de Santarém (PA)
Dom Adair José Guimaraes - Bispo de Rubiataba-Mozarlândia (GO)
Dom Mariano Manzana - Bispo de Mossoró (RN)
Dom Celso Antônio Marchiori - Bispo de Apucarana  (PR)
Dom Franz Josef Meinrad Merkel - Bispo de Humaitá (AM)
Dom Salvatore Paruzzo - Bispo de Ourinhos (SP)
Dom Waldemar Dalbello - Bispo Auxiliar de Goiânia (GO)
Dom Eduardo da Silva - Bispo Auxiliar de Campo Grande (MS)
Dom João Francisco Salm - Bispo de Tubarão (SC)
Dom Mário Rino Sivieri - Bispo de Propriá (SE)
Dom Jaime Spengler - Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS)
Dom Jaime Rocha – Arcebispo de Natal (RN)
Dom Dominique Marie Jean You - Bispo de Santíssima Conceição do Araguaia (PA)
Dom Eduardo Zielski - Bispo de Campo Maior (PI)
Dom Edmilson Amador Caetano - Bispo de Barretos (SP)
Dom Delson da Cruz - Bispo de Campina Grande (PB)
Dom José Antônio Peruzzo - Bispo de Palmas-Francisco Beltrão (PR)
Dom Juarez da Silva - Bispo de Oeiras (PI)
Dom Edgar Moreira da Cunha - Bispo Auxiliar de Newark - USA

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Nota da CNBB: "Ouvir o clamor que vem das ruas"


POR:      CNBB

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.

Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”

Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”.

O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito.

Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!

Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.

Brasília, 21 de junho de 2013

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB


Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís
Vice-presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Papa Francisco: Os ídolos impedem-nos de amar a Deus

Na missa desta manhã (06/06) na Capela da Casa de Santa Marta o Papa Francisco convidou os cristãos a desmascararem os ídolos que nos impedem de ver a Deus. Na sua homilia deixou claro que não basta dizer que acreditamos em Deus mas é preciso testemunhar essa fé no caminho da nossa vida:


" Não basta dizer: Mas eu creio em Deus, Deus é o único Deus. Isto está muito bem, mas como é que tu vives isto na caminho da tua vida? Porque não podemos dizer: O Senhor é o nosso Único Deus e depois viver como se Ele não fosse o único Deus tendo assim outras divindades à nossa disposição... Há o perigo da idolatria: a idolatria que nos chega com o o espírito do mundo. E Jesus nisto era claro: o espírito do mundo não. E pede ao Pai para que nos defenda do espírito do mundo, Jesus, na Última Ceia, porque o espírito do mundo leva-nos à idolatria. "


(RV)

terça-feira, 4 de junho de 2013

“OS SALMOS”

Caríssimos irmãos e irmãs, dando prosseguimento a nossa reflexão sobre o canto e a música nas Sagradas Escrituras, hoje daremos início ao estudo sobre os Salmos.

Santo Agostinho, enumerou o canto como uma das coisas que agradam o homem. O homem, ao cantar ou ao ouvir cantar, sente uma grande sensação de prazer, o que é natural e próprio do ser humano. Por isso, que em diversos momentos do dia, o canto ressoa com frequência pelos seus lábios.

Gregório de Nissa, nos diz que a primeira, verdadeira e original música consiste na consonância perfeita de todas as coisas entre si.
Segundo Basurko:

É o Criador do universo que faz ressoar esta música, harmonizando os distintos movimentos dos diversos seres segundo uma ordem precisa, da mesma forma que o músico cria uma melodia, fazendo soar as diversas cordas da lira conforme a ordem artística. (BASURKO, 2005,p.30)

            No homem existe uma natureza musical através da constituição física de seu corpo. A melodia musical é algo co-natural à natureza do homem e que compreende a sensação instintiva de prazer e de agrado que ela provoca em nós quando cantamos.
            Das melodias musicais dos primeiros cristãos pouco sabemos da forma que usaram em seus cantos de culto. Porém, através dos textos literários dos Padres pode-se perceber que para os fiéis cristãos, o canto era um exercício de sumo agrado, ao qual se aplicavam com fervor e entusiasmo. Diz Eusébio de Cesaréia:

Através do orbe do universo, em todas as igrejas de Deus, tanto no meio das cidades como nos povoados e no campo, os povos de Cristo , reunidos de todas as gentes, cantam hinos e salmos... ao único Deus, anunciado pelos profetas, em alta voz, de tal forma que o som do canto pode ser escutado até por aqueles que estão fora do templo[1].          

            São Gregório Nazianzeno, vai comparar ao som de um trovão, o canto dos salmos, com a participação entusiasta e à plena voz de toda a assembleia reunida no templo para celebrar a festa da Epifania. Santo Ambrósio irá buscar a imagem do ruído das ondas do mar para expressar a ressonância potente e ordenada de todo o canto da assembleia cristã. Todos, unidos em uma mesma voz, entoam com idêntico prazer o canto dos salmos.
            Santo Agostinho, ao se referir ao salmo diz, que quando suavemente cantado, deleita o ouvido, que faz comentário ao salmo 132:
Este salmo é breve, mas muito conhecido e citado: “como é bom e agradável habitar juntos os irmãos. Tão doce é esta melodia que até os que não conhecem o Saltério costumam cantar este verso. Tão doce como o amor que faz habitar junto os irmãos... Estas palavras do Saltério, este som doce, esta melodia suave tanto para que o canto como para o entendimento, deu origem aos mosteiros[2]...

            Assim como nos cantos profanos, a melodia é, o segredo do atrativo da popularidade dos salmos. Como nos diz São João Crisóstomo: “é a melodia que proporciona aos cantos cristãos um canto inefável”[3]. Também nos diz Basurko: “A melodia musical, com o prazer que naturalmente produz em nós, tem uma missão providencial, querida por Deus para nossa salvação” (BASURKO, 2005, p.33).
            Os Santos Padres da Igreja consideram o canto dos salmos[4] como um meio instituído por Deus para restabelecer e reformar o homem caído pelo pecado. No canto doa salmos[5], Deus uniu o prazer da melodia, levando em conta a natureza humana e sua inclinação, com suas palavras divinas, que ensinam ao homem o caminho da virtude. Assim sendo, o homem que venha a se mostrar contrário a tudo o que se possa supor incômodo ou esforço, receberá em seu coração os ensinamentos divinos pelo prazer da melodia. São João Crisóstomo irá nos explicar melhor este pensamento:

É necessário explicar, antes de tudo, o uso dos salmos e por que os dizemos sob a forma de canto. Eis aqui por que a recitação dos salmos vem acompanhado do canto: Deus:, vendo a indiferença de um grande número de homens, que não têm nenhuma afeição pela leitura das coisas espirituais e não podem suportar o trabalho sério do espírito que elas requerem, quis torna-lhes este esforço mais agradável e tirar-lhes até a fadiga. Uniu, então, a melodia um gosto muito vivo por estes hinos sagrados[6].

            “O Salmo cantado torna-se assim uma medicina divina para a cura do espírito humano, ferido pelo pecado” (BASURKO, 2005, p. 33). Basílio nos lembra que os médicos experientes quando precisavam curar algum doente com remédios amargos, eles possuíam o costume de ungir alguma vezes com mel a borda do cálice, para que o doente não sentisse o gosto desagradável. Porém, Deus em relação aos Salmos age da mesma forma para conosco, ele junta o mel da melodia ao das suas palavras divinas.


[1] Comentarium in psalmum 65, 7-9, em PG, 23, 657-660.
[2] Enarratio in psalmum 132,1, em PL 37,1729.
[3] Expositio in psalmum 134,1, em PG, 55,388.
[4] São Basílio: “Os salmos, enquanto lhes é possível, reprimem os defeitos desordenados que vão surgindo no espírito humano através de sua vida e o fazem por meio da harmonia suave e agradável que faz nascer pensamentos honestos... E, embora alguém se encontre irado como uma fera, tão logo começa a deleitar-se no canto dos salmos, desaparece imediatamente a ferocidade, adormecida pela melodia”. (Homilia in psalmum 1,1, em PG, 29,211).
[5] São João Crisóstomo: “Suponde um homem entregue aos mais baixos vícios: enquanto está cantando com respeito os salmos, adormece a tirania das paixões, e, embora esteja oprimido por inumeráveis males e seja vítima de uma profunda tristeza, a suavidade destes cantos alivia a sua dor, eleva seus pensamentos e levanta seu espírito até o céu”. (Expositio in psalmum 134,1, em PG, 55, 388).
[6] Expositio in psalmum 41,1, em PG, 55,156.



Seminarista Edélcio Augusto Soares
4° Ano de Teologia
04 de Junho de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Papa Francisco nomeia dois novos bispos brasileiros

POR: CNBB
QUA, 08 DE MAIO DE 2013


Na manhã desta quarta-feira, 08 de maio, a Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou que o Papa Francisco fez a nomeação de dois novos bispos brasileiros. O Monsenhor Luiz Antonio Cipolini (na foto, à esquerda) para a Diocese de Marília (SP), e o Monsenhor José Aparecido Gonçalves de Almeida para auxiliar na Arquidiocese de Brasília (DF).
Até agora, Mons. Luiz Antonio trabalhava como pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em São João da Boa Vista (SP). Ao longo de 26 anos de sacerdócio, atuou como vigário em Mogi Guaçu e Vargem Grande do Sul, além de colaborar na formação de novos presbíteros. Sua nomeação ocorre após o pedido de renúncia de dom Osvaldo Giuntini, por motivo de idade.
O Mons. José Aparecido atualmente residia no Vaticano, onde trabalhava no Pontifício Conselho para os Textos Legislativos. Foi ordenado presbítero em 1986, na diocese de Santo Amaro (SP), onde atuou como vigário em diversas paróquias. Foi nomeado como bispo titular de “Enera” e auxiliar para a Arquidiocese de Brasília a pedido de dom Sérgio da Rocha.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A HISTÓRIA DA MÚSICA NA BÍBLIA


A importância da Música nas Sagradas Escrituras.

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, a música sempre esteve presente desde os tempos mais remotos na vida da humanidade, assim como também o louvor a Deus nas Sagradas Escrituras. Na Bíblia deparamo-nos com mais de seiscentas referências ao canto e a música como, por exemplo: Os Instrumentos musicais; Músicos; Canto e Cântico.

Os Instrumentos Musicais dentro das Sagradas Escrituras recebem vários nomes: Lira, Gn 4,21: “O nome de seu irmão era Jubal: ele foi pai de toso os que tocam a lira e charamela”; Trompa ou Buzina, Sl 98,6: “com trombetas e o som da corneta aclamai a Iahweh!”, Os 5,8: “Tocai a trombeta em Gabaá, a tuba em Ramá, dai alarme em Bet-Áven...”; Címbalos, 2Sm 6,5: “Davi e toda a casa de Israel dançaram diante de Iahweh ao som de todos os instrumentos de madeira de cipreste, das cítaras, das harpas, dos tamborins, dos pandeiros e dos címbalos”, Sl 150,5: “louvai-o com os címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes”; Trombeta, usada na guerra Nm 10,9: “Quando, no vosso país, tiverdes de partir para a guerra contra um inimigo que vos oprime, tocareis as trombetas com fragor e aclamações...”, também usada nas celebrações do culto Lv 25,9: “No sétimo mês, no décimo dia do mês, farás ressoar o toque da trombeta; no dia das Expiações, fareis soar a trombeta em todo o país”, 1 Re 1,34: “Lá o sacerdote Sadoc e o profeta Natã o ungirão rei de Israel e vós tocareis a trombeta e gritareis: ‘Viva o rei Salomão!’”; Orquestra completa, Ne 12,27: “Por ocasião da dedicação da muralha de Jerusalém, convocaram-se os levitas de todos os lugares onde residiam para virem a Jerusalém, a fim de celebrarem a dedicação alegremente, com cânticos de ação de graças ao som de címbalos, cítaras e harpas”; Gaita de Foles, Dn 3,5: “no instante em que ouvires soar a trombeta, a flauta, a cítrara, a sambuca, o saltério, a cornamusa e toda espécie de instrumentos musicais, prostraram-se todos os povos, nações e línguas, adorando a estátua de ouro levantada pelo rei Nabuconodosor”; Flauta, Jó 21,12; Saltério, 1 Sm 10,5, Sal 33,2; Tambor, Gn 31,27 e Is 5,12; Tamborim, Ex 15,20; Sal 68,25;
Os músicos assim como os instrumentos tinham grande importância: Músicos jovens, Jz 11,34: “Quando Jefté voltou a Masfa, à sua casa, eis que a sua filha saiu ao seu encontro dançando ao som dos tamborins...”, 1 Sm 16,18: “...Tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é um valente guerreiro, fala com discernimento e é de bela aparência...”, Tocando instrumentos, Ez 33,32: “Tu és para eles como uma canção suave, bem cantada aos som de instrumentos de corda: eles ouvem tuas palavras, mas ninguém as prática”.
O Canto possuía uma característica importante, pois era considerado como um dever religioso: Sl 81,1: “Gritai de alegria ao Deus, nossa força, aclamai ao Deus de Jacó”; Sl 95,1: “Vinde, exultemos em Iahweh, aclamemos o Rochedo que nos salva’; Is 30,29: “O cântico se apoderará de vós como na noite da festa, e a alegria inundará vossos corações como a alegria de quem marcha ao som da flauta, ao dirigir-se ao monte de Iahweh, à rocha de Israel”; em I Cor 14,15: “Que fazer, pois?...Cantarei com o meu espírito mas cantarei também com a minha inteligência”; Ef 5,19: “Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração”; Tg 5,13: “Sofre alguém dentre vós um contratempo? Recorra à oração. Está alguém alegre? Cante.”
O Cântico era um grande sinal de expressão da alegria de uma pessoa ou de um povo diante de uma grande libertação ocorrida, porém também podia ser visto como algo mal quando se estava na ociosidade: Am 5,23: “Afasta de mim o ruído de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas”; na noite, Sl 42,9: “De dia Iahweh manda o seu amor, e durante a noite eu cantarei uma prece ao Deus da minha vida”; Sl 77,6: “penso nos dias de outrora os anos longínquos recordo; pela noite murmuro em meu coração...”; Jó 35,10: “...mas ninguém diz: Onde está o Deus que me criou que na noite inspira cantos de alegria”; como também o cântico de vitória, Ex 15,1: “Então, Moisés e os israelitas entoaram este canto a Iahweh: “Cantarei a Iahweh, porque se vestiu de glória; ele lançou no mar o cavalo e o cavaleiro”; Jz 5,1: “Naquele dia, Débora e Barac, filho de Abinoem, entoaram um cântico: Já que, em Israel, os guerreiros soltaram a cabeleira e o povo espontaneamente se apresentou, bendizei a Iahweh”; Ap 14,3:  “Cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatros Seres vivos e dos Anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, exceto os cento e quarenta e quatro mil que foram resgatados da terra”; Ap 15,3: “...cantando o cântico de Moisés, o servo de Deus,e o cântico do Cordeiro: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras...”. 
O Rei Davi, foi um dos mais expoentes músicos que encontramos nas Sagradas Escrituras. Sua reputação e seu talento poético era muito forte a ponto de tocar perante o rei Saul e também o de escrever uma das maiores obras primas da literatura espiritual que são os Salmos. 

Nas Sagradas Escrituras, as primeiras referências bíblicas se encontram no livro do Gênesis 4,21: “O nome de seu irmão era Jubal: ele foi o pai de todos os que tocam lira e charamela” (Bíblia de Jerusalém, 2010), mas também encontramos uma linda referência no livro do Êxodo, onde encontramos a passagem da narração da libertação do povo de Deus do Egito e a passagem pelo Mar Vermelho, Êxodo 15,20-21:

Maria, a profetisa, irmã de Aarão, tomou na mão um tamborim e todas as mulheres a seguiram com tamborins, formando coros de dança. E Maria lhes entoava: “Cantai a Iahweh, pois de glória se vestiu; ele jogou ao mar cavalo e cavaleiro.” (Bíblia de Jerusalém, 2010).

1 Sm16,14-23 : O espírito de Iahweh tinha se retirado de Saul, e um mau espírito, procedente de Iahweh, lhe causava terror. Então os servos de Saul lhe disseram: "Eis que um mau espírito vindo de Deus te aterroriza. Mande nosso senhor, e os servos que te assistem irão buscar um homem que saiba dedilhar a lira e, quando o mau espírito da parte de Deus te atormentar, ele tocará e tu te sentirás melhor". Então Saul disse a seus servos: "Procurai, pois um homem que toque bem e trazei- mo".Um dos seus servos pediu para falar e disse: "Tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é um valente guerreiro, fala bem, é de bela aparência e Iahweh está com ele". Saul despachou logo mensageiros a Jessé com esta ordem: "Manda-me o teu filho Davi (que está com o rebanho)". Jessé tomou cinco pães, um odre de vinho, um cabrito, e mandou seu filho Davi levar tudo a Saul. Davi chegou à presença de Saul e se pôs ao seu serviço. Saul sentiu grande afeição por ele, e Davi se tornou seu escudeiro. Saul mandou dizer a Jessé: "Davi ficará a meu serviço, porque conquistou a minha admiração". Todas as vezes que o espírito de Deus o acometia, Davi tomava a lira e tocava; então Saul se acalmava, sentia-se melhor e o mau espírito o deixava. (Bíblia de Jerusalém – 2010).
Outra passagem belíssima é o testemunho da libertação espiritual, através do louvor que  é narrado no livro de 1Sm 16,23: “Todas as vezes que o espírito de Deus o acometia, Davi tomava a lira  e tocava; então Saul se acalmava, sentia-se melhor e o mau espírito o deixava”. Uma característica importante que notamos é que os povos do Antigo Testamento utilizavam-se do canto e dos diversos instrumentos nos mais diversos momentos, com a função de glorificar a Deus, pela vitória na batalha ou para reunir o seu povo para combater o inimigo.  Como pode ser visto nas seguintes passagens: Êxodo 15,1-2:

Então, Moisés e os israelitas entoaram este canto a Iahweh: “Cantarei a Iahweh, porque se vestiu de glória; ele lançou no mar o cavalo e o cavaleiro. Iahweh é minha força e meu canto, a ele devo a salvação. Ele é meu Deus, e o glorifico, o Deus do mau pai, e o exalto. (Bíblia de Jerusalém, 2010).

            Na passagem, Josué 6,4-5:

“Sete sacerdotes levarão diante da Arca sete trombetas de chifre de carneiro. No sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas. E quando tocarem com fragor o chifre de carneiro (assim que ouvirdes o som da trombeta), todo o povo lançara um grande grito de guerra, e as muralhas da cidade cairão e o povo subirá, cada um no lugar à sua frente.” (Bíblia de Jerusalém, 2012)

            Em 1Samuel 16,16-19:

“Mande nosso Senhor, e os servos que te assistem irem buscar um homem que saiba dedilhar a lira e, quando o mau espírito da parte de Deus te atormentar, ele tocará e tu te sentirás melhor”. Então Saul disse a seus servos: “Procurai, pois um homem que toque bem e trazei-mo”. Um dos seus servos pediu para falar e disse: “Tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é um valente guerreiro, fala com discernimento, é de bela aparência e Iahweh está com ele”. (Bíblia de Jerusalém, 2010).

            Assim como nas passagens bíblicas anteriores, também as encontramos no livro dos Salmos. O Salmo 32 – A Confissão liberta do pecado; 91 – Cântico do Justo; 136 – Grande ladainha de ação de graças; 149 – Hino triunfal e o 150 – Doxologia final.
            No Novo Testamento, as primeiras referências que encontramos sobre a Música estão nos Evangelhos, onde por muitas vezes os salmos são repetidos por Mateus, Marcos e Lucas. Nos Evangelhos de Mateus e Marcos, encontramos escrito que Jesus e os seus discípulos após fazerem a preparação para a última Ceia, cantaram um hino e subiram ao Monte das Oliveiras, Mt 26,30/Mc 14,26: “Depois de terem cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras.”. Mas há um fato primordial no Novo Testamento em que a música está ligada, é o fato da narração do nascimento de Jesus em Belém, quando os Anjos entoaram o Glória: Lc 2,14: “Glória a Deus no  mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama!” (Bíblia de Jerusalém, 2010).
            O Apóstolo Paulo na Igreja de Éfeso e dos Colossenses, instruía os cristãos para louvarem a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais: Efésios 5,19-20: “Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração, sempre por tudo dando graças a Deus, o Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (Bíblia de Jerusalém, 2010).


            A partir de todas as passagens bíblicas citadas anteriormente, podemos afirmar que tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, a música estará sempre como um louvor fundamental a Deus.    
 
            Em breve continuaremos nossa reflexão sobre o Canto e a Música na Bíblia, quando veremos um pouco da teologia dos Salmos. 







Seminarista Edélcio Augusto Soares
4° Ano de Teologia
01 de Maio de 2013